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Gestão de pessoas, uma questão de expectativas

A cada dia que passa, fico mais convencido de que a tal Gestão de Pessoas é mais simples do que se fala por aí. Com o surgimento das gerações X, Y e Z (uma sopa de letras que define o perfil de um novo profissional, que não se sujeita a pequenos desafios, e também não está disposto a esperar o tempo necessário para conquistar o seu espaço) diversas confusões se criaram, fazendo com que empresários e gestores de gerações mais antigas pensem em jogar a toalha.

De fato, não está nada fácil, porém, atribuo a culpa às duas partes, isto porque, ambas criam expectativas irreais não atendidas, gerando enormes frustrações. Explico: os colaboradores entram nas empresas, cheios de gás, sonhos e ambições, e esperam que seus chefes os enxerguem, os reconheçam e acima de tudo, supram suas expectativas. O problema é que quase sempre, essas, estão muito acima das possibilidades vislumbradas por seus chefes. Nesse momento, quando ambos se deparam com essa realidade, e percebem que as expectativas estão desalinhadas, aqueles mesmos colaboradores que pareciam ser perfeitos, começam a remar contra, não produzem, só reclamam e, via de regra, cumprem somente com as suas obrigações, não trazendo nada de novo, nenhum benefício adicional, e nessa fase, pró-atividade é algo que inexiste.

Do outro lado, estão os chefes, presunçosos, acreditam que pagando “bons salários”, com pacotes de benefícios atrativos, os colaboradores dêem suas vidas pela empresa. A questão é: o que para os empresários parece ser um bom salário, para essas novas gerações, não passa de migalha. É aí que surge a Faixa de Gaza, onde, de um lado estão os colaboradores ‘’Judeus’’, e do outro, os chefes ‘’Palestinos’’.

Então, como podemos fugir desse mau que vem assombrando e tirando o sono de empresários, gestores, consultores e porque não, colaboradores?

Eu tenho uma opinião bem particular sobre tudo isso, ela pode até chocar os mais entusiastas, aqueles que acreditam que as empresas são uma grande família, e que todos se amam. Nós, latinos, temos o péssimo hábito de esperar aprovação de todos, somos o povo que prefere por exemplo: ser o mais popular do bairro, do que o mais rico, aí mora o perigo, pois as empresas deveriam ter uma única finalidade: Dar Lucro, e para isso, todas as decisões deveriam estar voltadas somente a esse propósito. Até acho que devemos praticar filantropia, agora, empregar colaboradores que não produzem, não atingem suas metas, e por pena, não demiti-los, não é caridade, mas sim, suicídio corporativo.

As relações profissionais, devem sempre ter um único objetivo, gerar lucro. Nessas, não cabe emoção, apego, pena, afinal, trata-se de uma troca, onde o colaborador traz resultados e é pago por isso, simples assim.

Podemos até tentar criar um clima amistoso, dar alguns benefícios, enfeitar um pouco o bolo, mas ‘‘at the end of the day’’ como dizem os americanos, colaboradores só esperam duas coisas: Reconhecimento e Dinheiro, e os empresários, só querem uma: encher os bolsos de dinheiro.

Imagino que apesar de muitos concordarem em partes, ou na totalidade, com essa visão, certamente poucos confessarão, pois não seria politicamente correto. Imagine a cena: uma festa de casamento, que por uma obra do acaso dois empresários sentem à mesma mesa. Eles começam a bater papo, falam sobre negócios, e é claro, reclamam das dificuldades de se tocar uma empresa.

Nesse momento, um deles comenta sobre esse artigo, expõe o que aqui fora exposto, e espera uma opinião, não dizendo se concorda ou não. O segundo, sabendo que nunca mais encontrará aquela figura, concorda totalmente com o artigo, aproveitando para apimentar, com suas desagradáveis experiências.

Eles desabafam, soltam toda indignação acumulada nesses anos de estrada e de repente, mudam de assunto, afinal, não precisam mais se expor, correndo o risco de serem julgados por concordar com algo tão ‘’desumano’’.

Eles voltam a pensar nesse assunto, agora frente ao espelho em um momento de reflexão. Fica difícil não concordar com essa idéia de que a relação entre colaboradores e gestores nada mais é do que uma troca.

De igual forma, e do outro lado, estão os colaboradores, esses são um pouco mais espontâneos, quase sempre não escondem o que pensam: só do chefe.

Quem nunca almoçou com os colegas de trabalho, e passou todo esse período criticando e xingando seu chefe?

Não demora muito e alguém solta o comentário:
– Vem com esse papo furado de colaborador, dá presentinho no dia do aniversário, faz festinha de confraternização só para não pagar a gente melhor. Ai outro emenda:
– Eu trocaria minha parte desse monte perfumaria por dinheiro.

Os demais que estão à mesa concordam, dão um risada e começam a falar de futebol, provável que essa cena se repita várias vezes, exceto no dia que o chefe almoça junto.

Bom, então, concluímos que é o final dos tempos, os seres humanos são: frios, calculistas e só valorizam dinheiro?
Eu particularmente não acredito nisso, só acho que não podemos cometer o grave erro de confundir relação de trabalho com relação de amizade.

A primeira nada mais é que uma troca entre duas partes, uma gera resultado, e a outra a remunera por isso sem sentimento, sem emoção, só razão.

Agora, amizade, essa não pode ter nenhum tipo de interesse, deve sempre se basear na vontade de duas ou mais pessoas em se relacionar e estar juntas, aqui sentimentos são bem vindos.

Então amigo leitor, trabalhe muito, ganhe muito dinheiro, faça muitos amigos, mas se possível, separando trabalho de amizade.